sábado, 1 de setembro de 2012

Morre cardeal Martini, destaque entre católicos progressistas.




Morre cardeal Martini, destaque entre católicos progressistas.

O cardeal italiano Carlo Maria Martini morreu nesta sexta-feira, em Milão, aos 85 anos, depois de ter encarnado entre os progressistas da Igreja católica a esperança de uma abertura maior ao mundo moderno, embora sempre tenha formulado suas críticas e propostas de forma sutil.

Eminente intelectual, especialista da Bíblia, autor de dezenas de livros e contribuições teológicas diversas, era muito respeitado para além da esfera progressista, tanto por João Paulo II quanto por Bento XVI, dois meses mais velho que ele, que o visitou em junho em Milão. O cardeal jesuíta sofria há 10 anos com o Mal de Parkinson.

Esta grande figura da Igreja esteve entre os "papabile" durante o conclave de abril de 2005 que elegeu finalmente Joseph Ratzinger. Mas suas posições a favor de uma instituição eclesiástica mais aberta e em diálogo com o mundo, assim como seu estado de saúde, enfraqueceram suas chances desde o início dos votos.

O cardeal, que nasceu no dia 15 de fevereiro de 1927 em Turim, foi ordenado sacerdote no dia 13 de julho de 1952. Exegeta de formação, foi nomeado pelo papa Paulo VI reitor do Instituto Bíblico, onde permaneceu até 1968, e depois reitor da prestigiada Universidade Pontifícia Gregoriana em Roma. No fim de 1979, João Paulo II o nomeou arcebispo de Milão, a maior diocese da Europa, que dirigiu por 22 anos.

Entre outras tomadas de posição, criticou duramente em 2008 a encíclica "Humanae Vitae" do papa Paulo VI, que rejeitava a contracepção, considerando que a Igreja se "afastou muito das pessoas".

Sua opinião era muito ouvida dentro da Igreja pela acuidade de suas análises e por seu humanismo, e denunciou "a tentação" de alguns católicos de "se refugiar" em novos movimentos da Igreja, fornecendo a eles um "valor absoluto" e transformando-os em verdadeiras "ideologias". Também denunciou as "novas pestes" da sociedade, como a droga, e também a corrupção e a solidão.

Considerava que uma "evolução" no âmbito do celibato dos sacerdotes era possível, sem que a Igreja de Roma renunciasse inteiramente ao tema, o que teria "consequências mais negativas que positivas".

Amigo pessoal de João Paulo II, discordou dele em algumas questões, sobretudo morais. Trocou uma carta com o escritor Umberto Eco sobre a fé. 

Em 1999 "teve um sonho": convocar um novo Concílio, um Vaticano III, porque achava que o Vaticano II (1962/65) estava, de certa forma, obsoleto. Em 2007 afirmou que não realizaria a missa em latim, quando ela foi autorizada novamente pela Igreja sob o papado de Bento XVI.

Antes de se aposentar, em julho de 2002, à idade canônica de 75 anos, realizou seu sonho: ir a Jerusalém. Neste ano também anunciou que sofria de Parkinson. Voltou à Itália em 2008, onde se retirou em uma casa de estudos jesuítas em Gallarate, no noroeste de Milão.

Fonte: http://noticias.terra.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário