Há uma falência da esquerda em todo o mundo.
Rio - Há uma falência da esquerda em todo o mundo. As duas vertentes políticas de origem marxista, a social-democrata e a marxista-leninista, acabaram abandonando a luta de classes ao optar pela estabilidade da coexistência com a burguesia, que acabou se transformando em submissão aos interesses do capital.
No Brasil, o PT surgiu já no contrapelo desta derrocada e representou uma esperança de reconstrução. Bebendo em todas as tradições da esquerda mas não se filiando a nenhuma, o PT é de fato um partido-movimento com fortes raízes nas lutas, tradições e interesses do povo. Esse movimento histórico foi capaz, entre muitos fenômenos políticos, de produzir um ser especial, síntese da brasilidade apontada por Darcy Ribeiro: Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula é um típico líder carismático que a América Latina produziu em alguns momentos, mas com uma diferença fantástica: ele não é general ou fazendeiro, mas um operário de esquerda.
Lula foi forjado e esculpido pelas dificuldades. Na fome, na fuga da seca, no amor materno, no trabalho infantil, no estudo precário, na conquista de uma profissão, no sindicalismo, na malandragem da birosca, no drible do futebol, no enfrentamento da polícia, na arte do discurso, na derrota e na vitória política e finalmente no exercício primoroso de uma Presidência que redescobriu o Brasil.
Mas, para chegar à Presidência e fazer sua sucessora, construindo nestes 12 anos um país menos desigual, dando futuro a muitos milhões de brasileiros, Lula e o PT tiveram que ampliar suas alianças e não escolher companhias, fruto de um sistema político que obriga todos a compor com uma maioria conservadora e patrimonialista no Legislativo. Sem isso não haveria Bolsa Família, Prouni, Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos, Samu, UPAs, salário mínimo de mais de 300 dólares, quase emprego pleno, creches do Proinfância, Pré-sal, Petrobras estatal, refinarias, PAC etc...
Agora os muitos milhões que nós tiramos da miséria ou da pobreza querem mais. É bom que queiram! Querem mais saúde, mais transporte, mais educação, mais salário, mais esgoto, mais água... Querem construir de fato uma democracia popular, para todos. Para isso será preciso taxar fortunas e cobrar mais impostos dos ricos e menos dos pobres; teremos que fazer reforma política, do judiciário, da mídia, bancária, urbana, agrária... E isto será impossível com o PMDB, o PP, o PTB, etc...
Esta é nossa contradição. A aliança que nos permitiu mudar o Brasil nos impede de realizar mais mudanças. O povo quer mais, e só o PT pode realizar. Mas, para isso, tem que reconstruir novas alianças, reorganizar estruturas militantes, reascender sonhos, mobilizar corações, incendiar paixões, propor novas reformas para o século 21. Lula, o líder do povo brasileiro, tem dito que temos que revigorar o PT e reinventar a militância política.
Aqui no Rio, sob a liderança do Lindbergh, e com uma frente que unirá PT, PCdoB e PV, queremos contribuir não só para a reeleição da presidenta Dilma e para termos um governo do estado popular, mas também para abrirmos o diálogo com forças que se afastaram de nós no plano nacional, como Rede, PSB e Psol, visando a formatar uma nova frente de esquerda, a partir do Rio, unindo já no primeiro turno do estado, mas também no segundo turno nacional, a força social necessária para realizar as reformas do século 21 que estão na base dos anseios que levaram multidões às ruas em junho de 2013.
Washington Quaquá é prefeito de Maricá e presidente do PT do Estado do Rio.
http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2014-06-17/washington-quaqua-reconstruir-a-esquerda.html
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