quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

DELEGADO FLEURY, O BRAÇO DA MORTE NA DITADURA MILITAR.



Símbolo da linha-dura do regime militar (1964/1985), Sérgio Fernando Paranhos Fleury foi um policial que atuou como delegado do DOPS de São Paulo. Ficou notoriamente conhecido por sua pertinácia ao perseguir os opositores do regime ditatorial. Recebeu diversas acusações formais pelo Ministério Público pela prática de tortura e homicídios contra os opositores do golpe militar de 1964.

Vários depoimentos, testemunhas e relatos de presos políticos, apontam que ele usava sistematicamente a tortura durante os interrogatórios que comandava na época do regime militar brasileiro. Segundo se comenta, alguns dos presos capturados pelo delegado não resistiram a essas torturas e acabaram morrendo, como no caso do guerrilheiro Eduardo Collen Leite torturado por cerca de quatro meses.
Participou da prisão dos estudantes da UNE (Congresso de Ibiúna, 1968); foi acusado de determinar o extermínio de militantes em São Paulo (1968-1969); chefiou a captura, seguida da troca de tiros que matou Carlos Marighella (1969) e de buscas visando a prender diversos opositores ao regime ditatorial militar.
Além de acusado pela prática de tortura contra presos políticos, foi investigado e denunciado pelos Promotores de Justiça Hélio Bicudo e Dirceu de Mello por supostos assassinatos praticados pelo chamado ''Esquadrão da Morte''.
Entre 1969 e 1971, mais de 200 suspeitos foram executados pelo Esquadrão. O efeito dessas mortes, no entanto, transcenderam as vítimas. Aplaudidos pela população e respaldados pelas autoridades paulistas e nacionais, os assassinos consolidaram em São Paulo a ideia de que os homicídios podiam ser usados como uma ferramenta eficaz para limpar a sociedade dos bandidos, ao mesmo tempo em que aplacavam o desejo de vingança de uma população amedrontada.
O Delegado Fleury foi apontado pelo Ministério Público de São Paulo como o principal líder desse Esquadrão. Apesar de algumas condenações, não chegou a cumprir pena. Foi condecorado pelo governador paulista Abreu Sodré (1969) e escolhido delegado do ano em duas oportunidades (1974 e 1976), em meio a diversas acusações de tortura e homicídios.
Foi beneficiado por uma lei que facultava a liberdade aos réus primários e com residência 
fixa que ficou conhecida como Lei Fleury.
Morreu por afogamento, segundo a sua mulher Maria Izabel Oppido, presente em sua lancha na madrugada de 01/05/1979. Seu corpo foi sepultado sem ter sido necropsiado, o que gerou comentários de que ele teria sido assassinado pela esquerda como vingança ou como "queima de arquivo" pelos seus antigos colaboradores da ditadura.
Segundo relatos no livro “Memórias de uma guerra suja”, o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social do Espírito Santo (Dops) Cláudio Guerra assume na condição de um ex-agente da repressão aos opositores da ditadura militar, que o também delegado Sérgio Paranhos Fleury teria sido assassinado por ordem dos próprios militares. Segundo Claudio Guerra em seus relatos, "o delegado Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos empresários que pagavam para sustentar as ações clandestinas do regime militar e não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria. E exorbitava. (...) Nessa época, o hábito de cheirar cocaína também já fazia parte de sua vida. Cansei de ver.”
Guerra conta ainda que chegou a fazer campana para a execução, mas o delegado Fleury andava sempre cercado de muita gente. “Dias depois os planos mudaram, porque Fleury comprou uma lancha. Informaram-me que a minha ideia do acidente seria mantida, mas agora envolvendo essa sua nova aquisição – um ‘acidente’ com o barco facilitaria muito o planejamento.”
A história oficial é, de fato, que o delegado paulista morreu acidentalmente em Ilhabela, ao tombar da lancha. Mas Guerra afirma que "Fleury teria sido dopado e levado uma pedrada na cabeça antes de cair no mar, fato que justificaria a estranha ausência da necropsia do cadáver".

Via Fatos históricos brasileiros

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