quarta-feira, 2 de novembro de 2016

ELEIÇÕES MUNICIPAIS, O PT E REIMONT na cidade do Rio de Janeiro.



O resultado do segundo turno das eleições municipais só confirmou o grande revés imposto à esquerda. No âmbito nacional, o nosso Partido dos Trabalhadores caiu de 638 prefeitos eleitos em 2012 para 254 – de 11,2 milhões de eleitores para apenas 1,6 milhão. Apenas o PCdoB obteve um pequeno crescimento. O voto popular revigorou o PSDB, absolveu o PMDB e consagrou forças conservadoras e reacionárias.

Muitas são as causas. Mas, nessa combinação de fatores, podemos destacar alguns, sem ordem de prioridade:

articulação midiático-jurídico-parlamentar na formulação de um cenário de forte rejeição à esquerda, particularmente ao PT, trazendo de volta até mesmo o “fantasma do comunismo” (?!);

criminalização do Estado Social, dos direitos humanos e civis, dos programas voltados para a população mais pobre e de todos os avanços sociais, trabalhistas e individuais. Em uma narrativa distorcida, e no âmbito de uma crise econômica (a real, mais a estimulada), os investimentos sociais foram apresentados como privilégios financiados com o sacrifício da população e criticados como se fossem custos onerosos;

burocratização e fisiologismo das direções do PT, que tanto se dissociou da militância como da sociedade, acomodando-se a um projeto de benfeitorias sociais desligado do imprescindível trabalho de formação política:

subordinação a uma lógica de alianças que resultaram em algumas coligações que colocaram o partido na contramão dos seus princípios e programa.

A criminalização da política gerou ainda uma expressiva e nada silenciosa manifestação da maioria do eleitorado, que preferiu não participar do pleito, seja pela abstenção como pelo voto em branco ou nulo. A soma dos que votaram em ninguém impôs uma derrota acachapante à classe política.

No Rio, esse comportamento teve destaque. No primeiro turno, dos 4.898.045 eleitores habilitados, 1.976.539 optaram por dar as costas ao processo eleitoral. No segundo turno, 2.034.353 pessoas negaram o voto aos dois candidatos; na sequência, é que vieram Marcelo Crivella, com 1.700.030, e Marcelo Freixo, com 1.163.662.

Nesse cenário, e fechado o processo eleitoral, é hora de refletir sobre o que consideramos uma grande vitória da campanha do vereador Reimont, que obteve 19. 626 votos, sendo o mais votado do PT e da coligação Rio em comum.

Na contramão da negação da política, a votação em Reimont cresceu. Cresceu de 2012 para 2016; cresceu na grande maioria das regiões da cidade; cresceu expressivamente em bairros de históricas lutas populares, como os da Zona Oeste e da região de Jacarepaguá, e naqueles que reúnem forte militância de esquerda, como Laranjeiras, na Zona Sul.

Esse é um resultado bastante significativo e que, certamente, expressa o acerto da combatividade do mandato na defesa dos movimentos sociais e das bandeiras históricas do PT, na oposição programática ao governo Paes e ao PMDB-RJ, na luta contra o golpe, na defesa do Estado Democrático de Direito e na construção da Frente Brasil Popular do Rio de Janeiro.

A campanha de Reimont aglutinou bases sociais e históricas do partido, mobilizou uma militância orgânica e combativa, obteve o apoio de organizações como a Consulta Popular, a UP - Unidade Popular pelo Socialismo, o PCML/ Inverta e as Brigadas Populares, coletivos que compõem a FBP e a Frente Povo sem Medo e foi abraçada por dirigentes da CUT e de diversos sindicatos cutistas.

Essa é uma vitória que traz uma contribuição clara às discussões sobre o PT que queremos, comprometido com os movimentos sociais, orgânico e militante. É a derrota de um modelo que há muito está em cheque, do PT desligado dos seus compromissos históricos, distanciado da sociedade.

Nessa direção, o mandato do vereador Reimont estabelece e apresenta a seguinte pauta de compromissos:

intensificação da atuação legislativa, no combate a qualquer tentativa de retrocesso e na fiscalização do executivo municipal;

permanência nas ruas, junto com os movimentos sociais e populares, em enfrentamento ao projeto neoliberal em curso e às crescentes ameaças à Democracia;

continuidade de audiências e aulas públicas como forma de dialogar diretamente com as pessoas e contribuir para a informação e a formação políticas da população;

luta pela reconstrução do PT, defendendo a antecipação do nosso congresso nacional e a construção de meios efetivamente democráticos para a eleição das direções partidárias;

manutenção de atividades como o programa Conversas do Brasil, para apoiar a militância no processo de discussão de temas urgentes do PT e do país;

firme atuação voltada para a estruturação de uma frente única formada por forças de esquerda, progressistas e democráticas, em defesa do Estado Democrático de Direito e contra o processo de cassação de direitos trabalhistas, civis e sociais.

Consideramos imprescindível e urgente restabelecer os vínculos do PT com a sociedade; essa é a nossa vocação, que precisa ser retomada. É o nosso compromisso e convidamos você a participar desse processo.

Mandato do vereador Reimont

Rio de Janeiro, 01 de novembro de 2016

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