Rio - A série de depoimentos de ex-presos políticos que lutaram contra a Ditadura, iniciativa elogiada na novela ‘Amor e Revolução’, do SBT, ganha capítulos contundentes na próxima semana. Enquanto o autor da trama, Tiago Santiago, planeja ligar para a presidenta Dilma e tentar o testemunho mais aguardado, o advogado Carlos Araújo, ex-marido e pai da filha de Dilma, vai falar em cinco capítulos sobre suas ações guerrilheiras, torturas sofridas e a relação com a presidenta da República.
“Ele coloca a Dilma numa posição de planejamento das ações e narra o assalto que fez ao cofre com dinheiro do político Adhemar de Barros. Estou curioso para ver no ar”, diz Tiago, o autor da novela.Carlos vai aparecer pela primeira vez na tela após o capítulo de segunda-feira, em que está prevista a cena na qual Nina (Patrícia Dejesus) e Padre Inácio (Pedro Lemos) fazem sexo na sacristia. E começará falando da relação de companheirismo com Dilma, da felicidade pela presidenta não ter ficado com sequelas após as torturas e de ações conjuntas em bancos e quartéis para obter dinheiro e armas. “Praticamos ações sociais também: pegávamos caminhões de carne na Baixada Fluminense e distribuíamos em favelas”, diz Carlos Araújo. Em seu depoimento, ele narra ainda sua tentativa de suicídio ao se jogar sob um carro.Para Tiago, as falas de figuras importantes já trouxeram muitas revelações, nem todas com a devida repercussão. “O filho do presidente João Goulart disse que o pai foi envenenado, assassinado, e luta para exumar o corpo”, sublinha Tiago.E fala sobre a negativa de Dilma em participar. “Já convidamos através de amigos e assessorias, e vou ligar pessoalmente. Mas entendo que ela esteja preocupada com o momento presente do País, que mantenha o distanciamento”, afirma. Os bastidores dos ‘anos de chumbo’Em trechos de seu depoimento, o ex-marido elogia a presidenta e diz que ambos se orgulham do que passaram juntos. “Sempre nos identificamos. O nosso bom companheirismo persiste até hoje.
A Dilma sente muito orgulho do que fez. Ela não ficou com sequelas, felizmente. Entrou na cadeia nova e saiu nova”, diz Carlos.E prossegue: “A Dilma não participou de nenhuma ação armada porque não era o setor dela. Nos orgulhamos do que fizemos, mas isso não quer dizer que somos desprovidos de visão crítica”.E revela o roubo de US$ 2 milhões, dinheiro que é fruto de lavagem, de um cofre na casa de Ana Capriglione, amante de Adhemar de Barros. “Ana nunca pôde denunciar ninguém, é como se não tivesse existido. Como justificaria o dinheiro?”.
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