domingo, 24 de fevereiro de 2013

MAIS UMA JOVEM DO MEIO POPULAR É MORTA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA .




MAIS UMA JOVEM DO MEIO POPULAR É MORTA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA


No último domingo (10), de carnaval, em Ibiratinga, Distrito de Sirinhaém/PE, a jovem mãe Jaciane Maria da Conceição, 22 anos, foi vítima de violência junto a um rapaz com a qual se relacionava, os mesmos foram abordados por um grupo de três outros jovens que os atacaram a pauladas na cabeça, enquanto cochilavam na calçada do Cemitério Público. 

Os relatos apontam para o fato de que o crime foi provocado por ciúmes que os agressores sentiam da vítima (ela). 

Os jovens atacados foram encaminhados ao Hospital da Restauração na Capital Pernambucana, onde receberam os devidos cuidados, resultando na alta do rapaz mesmo com 40 pontos na cabeça, e no óbito da jovem na manhã desta segunda-feira (18).

Jaciane, participou de grupos de Catequese e Infância Missionária na comunidade de Santa Rita de Cássia, e continuou conosco por muito tempo no Grupo Renascer/PJMP na Diocese dos Palmares. Os jovens do Grupo Renascer da Pastoral da Juventude do Meio Popular em Ibiratinga, estão contribuindo com a organização de seu velório e sepultamento junto a família, na casa paroquial da comunidade, pela falta de estrutura no acesso a sua residência em receber as pessoas.

É um momento de indignação e tristeza, mas também de mobilização para que mais jovens do nosso Brasil não sejam vitimizados pela falta de oportunidades, que resulta na violência declarada e impune.


Luis Adriano Correia da Silva
Renascer/PJMP – Diocese dos Palmares
Secretário da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude NE2

“Nós brasileiros sabemos qual a melhor década da nossa história recente”, afirma Dilma.


“Nós brasileiros sabemos qual a melhor década da nossa história recente”, afirma Dilma

Presidenta Dilma Rousseff discursa durante o ato do PT em São Paulo (Foto: www.pt-sp.org.br)

Ato dessa quarta-feira (20) deu início à série de 13 seminários que percorrerão o Brasil para discutir os 10 anos de Governo Democrático e Popular construídos pelo PT e sua base aliada.

”Lamento que tenham companheiros que não conseguiram entrar, mas é assim: a gente cresceu!”. Começou assim a fala da presidenta Dilma Rousseff na noite de hoje (20), duranto o ato pelos 10 anos de Governo Democrático e Popular. Ao lado de Lula, Fernando Haddad, Rui Falcão, Marcio Pochmann e os presidentes das siglas que compõem a base do governo, a petista destacou os avanços conquistados por milhões de brasileiros na última década e lembrou a importante atuação da militância na eleição do presidente que deu início a esse processo.

“Essa década, companheiros e companheiras, tem milhões de construtores, mas essa década tem e teve o seu líder. Esse líder chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. E completou: “Foi ele, que com coragem e pioneirismo, começou a fechar a porta do atraso e a escancarar a porta das oportunidades para milhões de brasileiros e brasileiras, de todas as raças, de todas as classes sociais e de todos os credos. Não por acaso, essa porta aberta deu o primeiro operário presidente e deixou entrar também a primeira mulher presidenta. E esse país não elegeria um operário presidente e uma mulher presidenta se não tivesse a combativa militância do Partido dos Trabalhadores”.

Dilma destacou as várias ações desenvolvidas pelo Governo Federal nesses 10 últimos anos – desde os 19 milhões de brasileiros que hoje trabalham com carteira assinada, passando pela lei de cotas, até chegar ao ato assinado ontem (20), que delibera a inclusão de 2,5 milhões de pessoas no Programa Bolsa Família. “O fim da pobreza é apenas o começo”, destacou a presidenta.

A petista abordou ainda a questão da redução da energia elétrica e aumento de oferta do serviço. “Nós não herdamos nada. Nós construímos isso”. E frizou: “O povo sabe, acima de tudo, que o nosso governo jamais abandonou os pobres. E como nosso governo jamais abandonou os pobres, é justamente por isso que a miséria está nos abandonando”.

Com o bom humor usual, Lula afirmou que os 10 anos comemorados consagram um novo jeito de fazer política no Brasil. Após ler trechos de seu discurso de reeleição, o ex-presidente exaltou a democracia da gestão petista, sua busca pela transparência - nunca antes vista na história desse país – e a atuação frustrada dos adversários na tentativa de desqualificar os avanços conquistados pela legenda com apoio de sua base.

“Nós não temos medo da comparação. Inclusive, comparação no debate da corrupção”, disse, ao citar uma entrevista concedida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se mostrava nervoso com a elaboração de uma cartilha – PT 10 Anos de Governo, o Decênio que Mudou o Brasil – onde dados das duas gestões são comparados estatísticamente. “A diferença desses 10 anos qualquer mulher sabe, qualquer homem que reparta as tarefas de casa também sabe que tem duas formas de sujeira aparecer: uma é você mostrar e a outra é você esconder. E assim de cara limpa, olhando para vocês, digo que eu duvido que tenha na história do país um governo que criou mais instrumentos e mais transparência para combater a corrupção do que o nosso”.

E reforçou sua escolha pelo nome de Dilma. Afirmou que a primeira vez que votou para presidnete da República foi para escolher seu próprio nome. “ A segunda votação que eu fiz foi em mim mesmo. A terceira votação foi em um poste [apontando para Dilma] que está iluminando o Brasil”, disse pouco antes de assegurar que a melhor resposta aos ataques sofridos pelo PT é a reeleição de Dilma em 2014.

Haddad agradeceu Dilma e Lula em nome de diversas lideranças que acompanhavam o ato pelo privilégio de ter servido e de estar servindo ao governo dos presidentes que transformaram a realidade da nação. “De um país, chamado Brasil, que quer se encontrar de uma vez por todas com a justiça social”.

Lembrando frases históricas, Rui Falcão, presidente nacional do PT, lembrou que o modo petista de governar deu autonomia aos brasileiros, tirando a população da condição de expectador e transformando-a em agente. O petista destacou ainda duas reformasnecessárias para a manutenção da democracia: a reforma política e também a regulamentação da comunicação, ou lei de meios. Já Pochmann, reforçou a ideia de avanço – quando uma sociedade primitiva elitista passou a olhar para as camadas mais baixas seguindo o exemplo de seus representantes na esfera federal.

Participaram ainda, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, deputados (as) estaduais e federais, o senador Eduardo Suplicy, parlamentares de estados vizinhos, ministros e representantes e presidentes da base aliada do governo Alfredo Nascimento (PR); Carlos Lupi (PDT); Ciro Moura (PTC); Gilberto Kassab (PSD); Eduardo Lopes (PRB); Renato Rabelo (PC do B); Roberto Amaral (PSB); Robson Amaral (PTN); Valdir Raupp (PMDB).

Fonte Sorg - Nacional do PT

A blogueira cubana e o fracasso da diplomacia da desintegração.


A blogueira cubana e o fracasso da diplomacia da desintegração.

Não é casual que a blogueira tenha iniciado sua gira pelo Brasil, país que tem participação decisiva no mais importante projeto de infraestrutura em construção em Cuba hoje, o Complexo de Mariel. Será o maior porto de todo o Caribe.

Beto Almeida

A gira da blogueira cubana Yoani Sanchez pelo Brasil tem se revelado, até o momento, uma exitosa campanha de ‘over’ exposição midiática dela, numa tentativa de distorcer a gigantesca função histórica libertadora da Revolução Cubana e, também, numa fracassada operação da diplomacia da desintegração. Trata-se de uma ação geopolítica da direita para tentar impedir a crescente presença política de Cuba na América Latina e Caribe por meio de vários projetos de cooperação, mas, sobretudo, pela criação da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), da qual Cuba é hoje presidente e onde foram derrotados pelos povos da região todos os esforços da agressiva política dos EUA para isolar a ilha caribenha. Começo por reivindicar 1% do espaço midiático dado a ela, para discutir este outro ponto de vista.

Era previsível que a blogueira tivesse ampla cobertura da mídia. Esta cobertura é marcada pela repetição de uma única tese e, na proporção inversa, pela negativa em informar sobre o que é exatamente a realidade de Cuba, a começar pela informação de que Cuba exerce a presidência da Celac, o que, para um país que foi bloqueado, expulso da OEA, atacado militarmente pelos EUA, impedido de ter acesso pleno ao sistema financeiro internacional, representa exatamente uma vitória de Cuba e da causa da integração latino-americana e caribenha. Obviamente, representa um fracasso de todos os países imperiais, de seus meios de comunicação e de personagens como Yoani Sanches, que, observa que seu discurso é de absoluta sintonia com os polos mais conservadores da sociedade brasileira, discurso que tem sido derrotado. O discurso dela e da mídia brasileira que o exalta, é o discurso que quer o fracasso da política externa brasileira de prioridade à integração com a América Latina.

Biotecnologia: avanço técnico-científico

Seria muito informativo e educativo para o povo brasileiro se, na mesma proporção do oferecido à blogueira, também fosse dado espaço midiático aos cientistas cubanos para falar como um país pobre, em pouco mais de 50 anos, e sob bloqueio, conseguiu desenvolver um indústria de biotecnologia das mais avançadas do mundo, com medicamentos de eficácia comprovada e sucesso internacional como o Óleo de Schostakovsky (para a gastrite), o complexo para combater diabetes, a vacina contra o câncer de intestino (um laboratório dos EUA tentou comprar mas foi proibido pelo governo Bush), as vacinas contra a meningite, etc. Antes da Revolução, Cuba sequer possuía indústria farmacêutica, hoje exporta medicamentos, ciência, e médicos.

Países imperiais exportam soldados, armas, intervenções militares. Esta mesma mídia brasileira que é sócia da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa, apoiadora de todas as ditaduras da região), também fez um grande estardalhaço para tentar impedir que o Brasil reatasse relações com Cuba em 1986, sob o Governo Sarney. Na época, o Brasil teve um surto de meningite e esta mesma mídia fez uma acirrada campanha para que o Brasil não comprasse as vacinas cubanas contra a meningite. Uma operação econômica e ideológica.

No primeiro caso, o Brasil tinha e ainda tem o seu setor de medicamentos quase totalmente controlado e ocupado por umas poucas multinacionais farmacêuticas, grandes anunciantes desta mídia, ambos lutando para não perder o controle do mercado para as vacinas cubanas, que o governo Sarney acabou importando em grande quantidade, apesar da pressão dos oligopólios. E era também uma operação ideológica, com a intenção de dizer que era impossível que uma ilha pequenina, cercada de hostilidades imperiais por todos os lados, pudesse, com poucos anos de socialização de sua economia, ter alcançado tal êxito técnico-científico, a ponto de transformar-se em exportadora de sofisticados medicamentos, enquanto o Brasil, uma economia muitas vezes superior, era ainda dependente de sua importação.

Sarney e as vacinas cubanas

A ruidosa campanha contra as vacinas cubanas na época – questionando até sua eficácia apesar dos reconhecimentos da Organização Mundial da Saúde - era uma desumana tentativa de intimidar o governo Sarney que, não apenas reatou com Cuba, mas começou a realizar um processo de intercâmbio comercial, científico e cultural com a Ilha. Vale lembrar, o ministro da Cultura de Sarney era o inesquecível Celso Furtado... O discurso da mídia então, submisso aos ditames imperiais, queria também impedir a criação do Mercosul, cujo fortalecimento posterior e sua consolidação hoje, é algo que desagrada enormemente aos inimigos da integração, pois é evidente que um Mercosul cada vez mais forte e amplo, com a entrada da Venezuela e, proximamente, da Bolívia e do Equador, representa uma alternativa histórica real aos “Cem Anos de Solidão” de uma América Latina antes submissa e desunida e, agora, em processo de transformação , com governos populares e com uma cooperação cada vez maior com Cuba. Estamos abrindo as páginas dos Cem Anos de Cooperação...

Desintegração e fracasso histórico

A este processo de integração crescente se dirige a passagem da blogueira por aqui e deste ponto de vista, revela-se um enorme fracasso. Ela se auto classificou como diplomata popular, mas é fácil perceber tratar-se de uma diplomata da desintegração. O pano de fundo, o que ela e seus patrocinadores visam, é obstaculizar a causa maior de nossas mais importantes lideranças históricas, a começar por Simon Bolívar, José Marti, Tiradentes, Abreu e Lima, Perón, Getúlio Vargas, Che Guevara, hoje continuados, concretamente, pelas políticas de integração implementadas pelos governos de Lula-Dilma, Fidel-Raul, Hugo Chávez, Evo Morales, Pepe Mujica, Nestor e Cristina Kirchner, Daniel Ortega e o recém reeleito Rafael Correa.

Dalai Lama

Personagens como Yoani Sanches são criados em determinados momentos, recebem as condições materiais e financeiras de circulação, publicidade e exaltação, mas produzem, concretamente, poucos resultados práticos. Citemos outro personagem fabricado para uma operação similar contra a Revolução Chinesa: Dalai Lama. Sustentado por anos e anos pelo Departamento de Estado dos EUA, que além do salário, do apartamento onde vive perto do Central Park de Nova York, e de uma jorrante publicação de seus livros, Dalai Lama revela-se um retumbante fracasso. Antes da Revolução Chinesa, o Tibet era um regime feudal e escravocrata. O Brasil não foi o último país a abolir a escravidão, foi o Tibet, e por meio de uma revolução dirigida por Mao-Tse Tung e o Partido Comunista. Antes da vitória socialista, em 1949, a China era conhecida pela espantosa fome que levava milhões à morte a cada ano.

Além disso, havia todo tipo de doenças evitáveis, o povo sequer conhecia médicos. E era possível, nas feiras, comprar animais e mulheres como servas, já que não existiam direitos trabalhistas. Hoje, apesar das inúmeras giras de Dalai Lama pelo mundo, a China é conhecida por lançar uma nave tripulada ao espaço sideral, por ser a economia que mais cresce no mundo, que mais fabrica computadores e turbinas de energia solar, que lança satélites em parcerias com a Venezuela e o Brasil, que legalizou e socializou a acupuntura (antes de Mao era proibida) e que, em parceria com a Rússia e o Iran, está travando os planos da Otan de invadir e esquartejar a Síria. O que se houve falar de Dalai? A notícia mais recente é que ele estaria disposto a dialogar com as autoridades chinesas, contrariando seus patrocinadores. Vai ter que mudar-se do Central Park...

Cuba inclusiva?

A blogueira falou em Brasília que quer uma Cuba mais inclusiva e plural. Se examinarmos a realidade cubana, especialmente as estatísticas elaboradas ou reconhecidas por instituições internacionais como a Organização Mundial da Saúde, a Unesco, a Unicef, a Organizaçao Panamericana de Saúde e se a mídia comercial, que tanta exalta a Yoanis, desse ao povo brasileiro o direito de conhecê-las, ficaria claro que é difícil apontar uma sociedade tão inclusiva como a cubana. A começar porque não existem crianças vagando pelas ruas, crianças fora da escola, crianças pedindo esmolas, nem crianças trabalhando.

A taxa de mortalidade infantil é INFERIOR àquela registrada nos EUA, onde, aliás, o trabalho infantil está em elevação, o que se agravou enormemente com o desemprego e a crise capitalista por lá, onde só os banqueiros e a indústria bélica foram salvos, como revela o Occupy Wall Street.

Não há um único hospital privado em Cuba, todo o atendimento é gratuito. Isto não é inclusão? Inclusive para os bombeiros e sobreviventes dos EUA que trabalharam nas operações de resgate de corpos dos escombros das Torres Gêmeas, demolidas providencialmente pelos autoatentados de 11 de setembro de 2001. Estes bombeiros e sobreviventes, cidadãos norte-americanos, foram levados a Cuba pelo cineasta Michel Moore, pois não tinham planos de saúde nem tratamento médico nos EUA, onde haviam sido condecorados com heróis. Em Cuba, foram atendidos gratuitamente nos hospitais mais avançados, os mesmo que já trataram, depois da eleição de Chávez, 43 mil cidadãos venezuelanos. Se a blogueira tivesse visitado hospitais no Entorno de Brasília, teria uma ideia concreta do que é realmente a falta de inclusão.

Aliás, se o povo brasileiro pudesse ser informado, massivamente - digamos que 10 % do que a TV Globo mostra de baixarias do Big Brother, onde há até edificantes concursos de pum - sobre um único relatório da UNICEF em que se afirma que “Existem 200 milhões de crianças desnutridas no mundo hoje. Nenhuma delas é cubana!”, entenderia mais claramente os absurdos ditos por esta personagem.

Bloqueio

Houve um tempo em que os opositores de Cuba, inclusive a blogueira, diziam que o bloqueio dos EUA era apenas uma desculpa de Fidel para desviar a atenção dos problemas internos. Agora, quando o bloqueio recebe múltiplas condenações na ONU, sendo defendido apenas pelos EUA, e por razões óbvias de subordinação pelo Canadá, Israel e um ilha desconhecida do Pacífico, sendo criticado até mesmo pelo New York Times e pela Revista Forbes, a blogueira foi orientada a mudar o discurso e admite ser contrária a esta escandalosa violação dos direitos humanos do povo Cuba por parte da Casa Branca, proibindo à ilha uma simples operação comercial para a compra de aspirinas no mercado norte-americano.

Aliás, ela disse também ser a favor da libertação dos 5 heróis cubanos prisioneiros políticos nos EUA, por trabalharem na prevenção de atentados terroristas organizados em território da pátria de Jack London. Alertado por Fidel Castro, em carta entregue pelo genial Gabriel Garcia Marques, o presidente Bill Clinton, ao invés de fazer uso das informações para evitar atentados terroristas que estavam em organização, como os de Oklahoma ou os de 11 de setembro de 2001, preferiu prender os cinco cidadãos cubanos.

Aliás, agora que até a blogueira já fala o fim do bloqueio, dando razão ao governo de Cuba, e também a Lula e Dilma que sempre se pronunciam em defesa da posição do governo cubano, vale comparar a situação vivida por Yoani Sanchez - que não está presa, comunica-se com o mundo inteiro a partir de Cuba ou fora dela, viajando por mais de 12 países para criticar a Revolução Cubana - com a situação do soldado norte-americano Bradley Manning, preso e torturado em prisão militar dos EUA, por ter revelado ao mundo, corajosa e generosamente, com a ajuda do Wikileaks, os documentos sigilosos contendo os planos mais sinistros do imperialismo para atacar e desestabilizar vários países e governos ao redor do mundo. Ou comparar com a situação de Mumia Abu Jamal, jornalista e militante negro, preso no Corredor da Morte, condenado injustamente por um juiz racista que coleciona sentenças de pena de morte especialmente para negros, asiáticos, hispânicos e pobres que vivem por lá. O “delito” de Abu Jamal é escrever com coragem e talento sobre o regime discricionário vigente nos EUA, onde, há pouco, foi proibida a sintonia por satélite de canais de TV do Irã, desmascarando-se, assim, o falso discurso da liberdade de expressão reivindicado pela Casa Branca. Bom, eles já haviam proibido o ingresso de Charles Chaplin por lá...

Medicina e humanismo

Tive a oportunidade de visitar a Escola Latino Americana de Medicina (ELAM), instalada numa antiga base naval desativada próximo a Havana e lá conversei com representantes dos mais de 500 estudantes negros estadunidenses, oriundos dos bairros pobres do Harlen ou do Brooklin. Eles me contaram que jamais teriam a oportunidade de se formarem em medicina nos EUA, sendo muito mais provável, pelas condições precárias de vida que tinham lá, que fossem recrutados pelo narcotráfico e terminassem presos. Aliás, os EUA possuem a maior população carcerária do mundo... Em Cuba, estes jovens estão estudando, gratuitamente, para serem médicos.

Compartilhar o que tem, não o que sobra

Ante os agressivos ataques do Pentágono e da CIA contra a Revolução Cubana, esta se defende, legitimamente, mas também reage com humanismo, oferecendo aos filhos pobres da pátria de Lincoln a possibilidade de escapar da criminalidade e servirem socialmente ao povo norte-americano, a quem se respeita em Cuba, a ponto que jamais se queimou uma bandeira dos EUA em território cubano. Enquanto a Casa Branca envia terroristas e guerra bacteriológica contra Cuba - como denunciou um ex-ministro da saúde dos EUA - Cuba envia médicos formados para o povo norte-americano! É este país, que reparte seus modestos recursos orçamentários com outros povos, que a blogueira afirma não ser inclusivo?

Vale lembrar o desastre do Furacão Katrina: enquanto a população negra e pobre estava abandonada em Nova Orleans pelo governo de Bush, Cuba ofereceu o envio imediato de 1200 médicos para salvar vidas ali. Eles ficaram toda uma manhã posicionados no aeroporto de Havana esperando autorização da Casa Branca para embarcarem para os EUA. A autorização nunca veio. E a blogueira, que reivindica uma Cuba inclusiva, não toca no tema.

Cuba plural?

Houve um ano, 1984, em que a Unesco reconheceu ter Cuba batido um recorde na publicação de livros, que lá são vendidos a preços de um picolé ou menos. Foram 480 milhões de exemplares publicados naquele ano. Entre estas obras há Guimarães Rosa, com tiragem superior a 150 mil exemplares, quando no Brasil, com um indústria gráfica 50% ociosa, a tiragem padrão é de apenas 3 mil exemplares. Em Cuba há o mais pleno acesso à literatura universal, ao cinema internacional, o cinema é uma atividade popular, com ingressos baratos e salas cheias. Já foi produzida em Cuba uma rádio-novela sobre a Coluna Prestes, quando aqui ainda não há sequer projetos para uma grande produção cinematográfica sobre o tema.

Como seria educativo se a presidenta do Instituto do Livro Cubano, Zuleika Romay, uma mulher negra e jovem, pudesse ter 5% do espaço televisivo que foi dado à blogueira para desprestigiar a Cuba, inclusive quando afirmou que concordaria com hospitais e escolas privadas na Ilha, o que revela seu pensamento nada inclusivo, já que serviços privados só são acessíveis a quem paga, e na Cuba atacada pela mídia conservadora, a educação e a saúde são públicas e gratuitas. Milton Nascimento, numa turnê pela Ilha, sentiu-se mal e foi atendido por médicos em seu hotel. Ao final, quis pagar, recebendo como resposta que em Cuba saúde é um direito de todos e que isto não se vende.

Cuba, Brasil e Haiti

Quando a tragédia do terremoto assolou o Haiti - um geólogo cubano havia alertado anos antes que eram altíssimas as probabilidades de um terremoto com epicentro cerca de Porto Príncipe - os médicos cubanos já eram responsáveis há anos, praticamente, pelo que havia restado de serviço de saúde ali ante tanta miséria construída pelos países imperiais que dão sustentação à blogueira. O Brasil também estava lá, com o maior número de soldados, que também realizam obras de infraestrutura. Mas, a partir do terremoto Brasil e Cuba passaram a colaborar mais centradamente na área da saúde, e, com um financiamento de 80 milhões de dólares do governo brasileiro, foram construídas instalações de saúde para o povo haitiano, no qual trabalham as centenas de cubanos que já estavam lá há anos, juntamente com médicos militares brasileiros. Como parte desta cooperação, além da saúde, o Batalhão de Engenharia do Exército está construindo a única hidrelétrica por lá, além de rodovias e pontes.

Impublicável: cooperação sul-sul-sul

Em 2006, a Organização Mundial da Saúde, lançou um SOS Internacional: precisava de produção massiva, a preços baixos, de vacina contra meningite A e C para entregar a 23 países da África, onde vivem 430 milhões de seres humanos. Só uma empresa transnacional fabricava estas vacinas, mas devido à baixa lucratividade, reduziu sua fabricação colocando a África sob o risco de emergência sanitária. Só dois laboratórios públicos atenderam ao chamado da OMS: Instituto Finlay de Cuba e o Instituto Bio-Manguinhos do Brasil. Os dois se associaram para a criação da vacina Vax-MEN-AC, específica para os tipos de meningite que afetam a África. A cooperação Brasil-Cuba permitiu um preço 20 vezes menor do praticado pela transnacional e já foram produzidas e entregues 19 milhões de doses.

Esta é uma notícia impublicável nos grandes meios que abrem todo espaço à blogueira e que hiper divulgam as ações financiadas pela Fundação do Multibilionário Bill Gates, de impacto mínimo, conduzidas por operações de marketing de empresas privadas, aquelas que não se interessaram em atender ao apelo da OMS. Brasil e Cuba, com governos de orientação de esquerda, por meio de laboratórios públicos, fazem mais contra a meningite na África que as transnacionais e a fortuna de Bill Gates. A blogueira não fala nada disso no seu blog, nem nas suas entrevistas, mas pede uma Cuba mais inclusiva e plural.

Cuba, Brasil e Timor Leste

Em visita de trabalho ao Timor Leste, onde a TV Cidade Livre de Brasília e o Comitê de Brasiliense de Solidariedade ao Timor doaram os equipamentos de uma rádio comunitária às organizações educacionais locais, pude visitar, também, o alojamento de 400 médicos cubanos que lá trabalham em solidariedade ao povo maubere. Comentei a visita com o Presidente da República, Ramos-Horta, Prêmio Nobel da Paz, que recebia o Presidente Lula. Ele me contou ter sido pressionado pelo Embaixador dos EUA lá a não receber os médicos de Cuba, oportunidade em que perguntou ao gringo: “Quantos médicos norte-americanos temos aqui?”. “Só um, o da embaixada!”, respondeu. “Pois então o povo do Timor é muito grato a Cuba e vai sim receber os médicos cubanos”, disse-lhe Horta.

O pensamento da blogueira é bastante sintonizado com o do embaixador gringo e certamente não considera inclusivo que na cooperação Brasil e Cuba, os 600 estudantes timorenses que serão formados em medicina na Ilha brevemente, antes de voltar ao Timor, façam estágio na Fundação Oswaldo Cruz, no Brasil, na área de medicina tropical.

Como se sabe, a cooperação não fica por aí. O Brasil está estudando a contratação de um numeroso contingente de médicos cubanos para, finalmente, levar serviços médicos a todos os municípios brasileiros, o que ainda não ocorre. Isso sem falar dos cerca de 800 brasileiros, em sua maioria pobres, inclusive, uma centena de jovens do MST, que lá estão estudando medicina. Gratuitamente, pois Cuba, desde o início de sua Revolução, compartilha com outros povos não apenas o que lhe sobra, mas o que tem.

Complexo de Mariel: integração para todos crescerem. Não é casual que a blogueira tenha iniciado sua gira pelo Brasil, país que tem participação decisiva no mais importante projeto de infraestrutura em construção em Cuba hoje, o Complexo de Mariel. Será o maior porto de todo o Caribe, dinamizando a economia de toda a região, além contar com uma ferrovia, uma rodovia e uma mineradora. Os empréstimos do BNDES são da ordem de 1,2 bilhão de dólares. Desnecessário afirmar que, na prática significa, também, furar o bloqueio dos EUA contra Cuba, indicando a apurada visão estratégica de Lula, e, além disso, uma ideia clara do que significa uma integração para que todos os países possam crescer juntos, reduzindo as assimetrias e comprovando a política de que só por meio da integração da América Latina e Caribe é possível constituir uma área alternativa de crescimento com distribuição de renda. A blogueira está na contramão deste projeto e é por isso que foi tratada como um troféu pela mídia oposicionista - e por seus seguidores - que tem visto este projeto ser derrotado nas urnas repetidas vezes, como recentemente no Equador, na Venezuela e na Bolívia, que recém nacionalizou os serviços portuários ante a negativa de investimentos de transnacionais espanholas.

Mandela: devemos o fim do apartheid a Cuba
Foram ouvidos muitos disparates durante a gira da blogueira no Brasil. Algumas manifestações normais e democráticas de jovens e estudantes contra sua presença foram tratadas como se fossem violentas. Nenhum país é mais criticado no fluxo informativo internacional do que Cuba. Mas, o problema não são as críticas, elas são permitidas até à própria blogueira. A questão é a violência com que foi tratada a Revolução Cubana desde o início, sendo obrigada a pagar um preço amargo, com muitas vidas ceifadas em atentados terroristas como o que derrubou o Avião da Cubana de Aviación, sendo seus autores confessos protegidos pelos governos dos EUA.

Mas, entre todos os disparates, o mais surpreendente foi o contorcionismo analítico de um editorialista do Estadão que chegou a fazer uma comparação, meio envergonhada é bem verdade, de Yoani Sanchez com Nelson Mandela. Diante do nível desta tentativa absurda de analogia, uma resposta grande com uma página da História. Cuba enviou cerca de 350 mil homens e mulheres para lutar em Angola em defesa da independência do país, invadido pelo exército racista da África do Sul, contando com o apoio dos EUA e com a oferta de Israel para que fosse atirada uma bomba nuclear sobre as tropas cubano-angolanas. A solidariedade cubana escreveu uma página inapagável na história moderna: Cuba foi o único povo a pegar em armas para lutar contra o apartheid, o mais brutal e criminoso regime político-social dos tempos modernos! Quando ocorre a vitória sobre as tropas racistas na Batalha de Cuito Cuanavale, Mandela, ao livrar-se dos 27 anos de prisão, cunhou uma frase que define com a energia de um raio, a função histórica de Cuba: “A Batalha de Cuito Cuanavale foi o começo do fim do Apartheid. Devemos isto a Cuba”.

Diante dos ataques da mídia contra Cuba, Dilma, em Havana, reagiu apontando os telhados de vidro dos que querem ser campeões em direitos humanos mas mantém um centro de torturas em Guantânamo e multiplica o assassinato de civis, inclusive crianças, por meio de seus drones macabros. E o Brasil segue aprofundando sua cooperação com Cuba e consolidando a integração solidária e democrática por meio do Mercosul, da Unasul e da Celac, presidida por Cuba, com sua generosidade e humanismo, e sem a presença arrogante e imperial dos EUA. A diplomata da desintegração, aqui no Brasil, está fadada ao fracasso.



Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur.

Fonte: Revista Carta Maior.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Caravana da Cidadania liderada pelo senador Lindbergh Farias.






Na última semana de fevereiro de 2013, terá início mais uma edição da Caravana da Cidadania, que tem por objetivo construir – com a militância do Partido dos  Trabalhadores e movimentos sociais – um diagnóstico das carências e potencialidades do estado, além de ajudar a definir o programa de governo do PT para o Rio. 

Essa reedição será liderada pelo senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do estado. O primeiro local a ser visitado será Japeri, cidade com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio de Janeiro.

Criadas pelo ex-presidente Lula , as Caravanas da Cidadania ocorreram entre 1993 e 1996, a fim de conhecer a realidade nacional e preparar propostas de governo. Naqueles anos, Lula fez cinco edições das caravanas e percorreu um total de 359 cidades, em 26 estados brasileiros.

Confira a agenda das caravanas no Rio:

28/02, 01,02/03 - Japeri e Engenheiro Pedreira

22 e 23/03 - Itaperuna, Miracema, Bom Jesus, Natividade, Porciúncula, Varre-Sai e Pádua

05 e 06/04 - Grande Bangu

19 e 20/04 - Duque de Caxias

03 e 04/05 - Grande Irajá

17 e 18/05 - São Gonçalo

Fonte: deputado Jorge Bittar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A tendência interna do PT critica presença de blogueira cubana.




A tendência interna do PT - Esquerda Popular Socialista (EPS) critica presença de blogueira cubana. 

A Esquerda Popular Socialista (EPS), tendência interna do PT, critica duramente a presença da blogueira e dissidente política cubana, Yoani Sánchez, no Brasil. Para a EPS, as afirmações em prol de uma suposta defesa das liberdades individuais em Cuba, feitas pela ativista, servem apenas à promoção do neoliberalismo e aos interesses de intervenção política pelo governo norte-americano. 

Financiada pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) com um salário de 6 mil dólares por mês, a blogueira mantém relações com representantes da Repartição de Interesses dos EUA, em Havana, de quem recebe instruções. Segundo o Brasil de Fato, o seu blog Generación Y, traduzido em 21 idiomas, não tem impacto na audiência em Cuba nem internacionalmente, o que faz crer que sua fama é principalmente entre os mais tradicionais e conservadores meios de comunicação.

“O posicionamento da dissidente leva a um equívoco”, alega o Secretário de Formação Política do PT-BA, Murilo Brito, “Cuba tem um governo de inclusão social, com importantes avanços em diversos indicadores sociais, como educação, saúde e segurança alimentar, apesar do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos. Este sim, um atentado contra a liberdade de toda uma nação”, afirma. 

Para formalizar a posição do partido, amanhã (19/02), em reunião da Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores, os companheiros e dirigentes da EPS, Eudes Queiroz, Ivan Alex e Murilo Brito, estarão discutindo junto aos demais membros da executiva uma nota oficial do PT baiano sobre a presença da blogueira na Bahia.

Presente no Estado para a participação na exibição do documentário “Conexão Cuba-Honduras”, do cineasta Dado Galvão, em Feira de Santana. Yoani Sánchez também participa de palestra no jornal Estado de S. Paulo e do programa Roda Viva, da TV Cultura, ambos na quinta-feira (21), em São Paulo.

*Com informações do Brasil de Fato

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Correa lidera no Equador; adversários querem EUA mais próximo.


Correa lidera no Equador; adversários querem EUA mais próximo.

Eleições estão marcadas para 17 de fevereiro. Enquanto Rafael Correa defende fortalecimento da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) e o 'Socialismo do Bom Viver', os adversários, como o ex-baqueiro Guillermo Lasso e o ex-presidente Lucio Gutiérrez, querem aproximação com os EUA e adesão à Aliança do Pacífico. Duas enquetes indicam vitória de Correa, que teria entre 49% e 63% dos votos.

Juan Manuel Karg*
 
 
Há menos de duas semanas das eleições presidenciais, Rafael Correa lidera as pesquisas de opinião com ampla vantagem, com grandes possibilidades de ser reeleito no primeiro turno. O que podemos esperar de um novo período do candidato da Aliança País?

Diversas pesquisas, reveladas nos últimos 30 dias, dão a Correa uma clara vantagem para o pleito de 17 de fevereiro, pondendo, inclusive, vencer no primeiro turno. 

A empresa privada "Market", em uma enquete realizada em janeiro, dá ao candidato da Aliança País 49% de intenções de voto, seguido por 18% do ex-baqueiro Guillermo Lasso - Movimento Creo - e de 12% do ex-presidente Lucio Gutiérrez. 

Mais distantes, estão Alberto Acosta e Álvaro Noboa, com 6% e 4%, respectivamente. Segundo a empresa "Perfis de Opinião", a brecha é ainda maior, com Correa com 63%. Lasso tem 9%, Gutiérrez, 4%, e Noboa, 2%.

Um tema como as relações internacionais p ode servir para ilustrar as profundas diferenças entre os candidatos. Guillermo Lasso declarou recentemente à Efe que a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) é um "império do terceiro mundo", e também afirmou que, se vencer, promoverá a entrada do Equador na Aliança do Pacífico. 

Depois, garantiu que, em matéria comercial, dará prioridade à assinatura de acordos com os EUA e a União Europeia. O ex-presidente Lucio Gutiérrez tem uma postura semelhante, e declarou ao canal Ecuavisa que a Alba é um "clube ideológico" e "engraçado". Além disso, chamou Correa de "marionete" de Hugo Chávez.

A proposta do Socialismo do Bom Viver

O programa de governo 2013-2017 de Correa apresenta as "35 propostas para o Socialismo do Bom Viver", cujo principal lema é "governar para aprofundar a mudança". 

Dessa forma, desde a apresentação desse extenso documento (139 páginas), anuncia-se que "a Revolução Cidadã promete aprofundar e radicalizar o seu programa: um canto à justiça, à dignidade, à soberania, ao socialismo e à verdade". 

Retoma, assim, o ideal independentista do Bolívar, Sucre, Manuela Sáenz e Eloy Alfaro Delgado (mencionado na introdução com seu "Nada para nós, tudo para a pátria, para o povo que se fez digno de ser livre").

Mas quais são os pincipais eixos propostos? Para começar, aprofundar a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores e as maiorias populares, demonstrado na diminuição da desigualdade por renda, medida pelo coeficiente de Gini: enquanto em 2006 os 10% mais ricos obtinham 28 vezes a mais do que o 10% mais pobres, em 2011 a brecha diminuiu em 10 vezes. 

Isto se une a uma segunda conquista da Revolução Cidadã, também apresentada no documento: "o resgate do público e a reconstrução de um Estado que tinha sido desmantelado por um neoliberalismo selvagem e a indiferença da burguesia".

No entanto, a proposta da Aliança País vai além. E aqui, sem dúvida, podemos mencionar como antecedentes a ideia do "Socialismo do Século 21" na Venezuela, e o "Socialismo Comunitário do Bom Viver", promovido pelo governo do MAS na Bolívia. 

Vejamos: no capítulo "Princípios e orientações para o socialismo do Bom Viver", o programa de governo de Correa propõe "uma transição para uma sociedade na qual a vida não esteja a serviço do capital ou de qualquer outra forma de dominação. Afirmamos, de modo radical, que a supremacia do trabalho humano sobre o capital é inegociável e que a defenderemos em todos os espaços da vida social onde possa ser vulnerada".

Isto, somado aos esforços por mudar a matriz produtiva; a busca constante da democratização dos meios de produção; o horizonte da soberania energética; as tarefas cotidianas para promover uma verdadeira "economia social"; o chamado a uma revolução do conhecimento; e a construção do poder popular -a partir das bases - como eixos da proposta do "Socialismo do Bom Viver" apresentam uma perspectiva que objetivamente é antagônica ao ideal de Lasso e Gutiérrez.

Definitivamente, no dia 17 de fevereiro acontecerá uma batalha no Equador. Dois projetos de país e de continente vão se enfrentar: um de horizonte emancipador - representado na Alba, experiência chave para entender a mudança política, econômica e social equatoriana, contra uma hipotética nova submissão aos capitais norte-americanos e europeus; e outro representado pela adesão à Aliança do Pacífico (como vimos nas declarações de Lasso e Gutiérrez). 

Um novo triunfo de Correa, com um programa como o apresentado, seria outro claro golpe à política dos EUA em nosso continente, após a rotunda vitória da Revolução Bolivariana em outubro do ano passado.

*Publicado no jornal argentino Marcha. Tradução e divulgação: Telesur

Bloco da PJMP desfila em Pernambuco.


Bloco da PJMP desfila em Pernambuco 
ILEAÔ – Chega de Violência e Extermínio de Jovens! 

A Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) esteve novamente Anunciando e Convocando a sociedade para luta contra a violência e extermínio de jovens nas ladeiras de Olinda - PE.
O Bloco da PJMP “ILEAÔ”, objetivando as atividades do Ano da Juventude, com a Campanha da Fraternidade 2013, Ano da Fé, Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e Ano Missionário da PJMP, levaram a animação e a força dos jovens do Meio Popular.

Segundo o sítio Celebs-PE, “Sugerindo um momento de reflexão em pleno carnaval, o bloco faz pensar em estratégias cabíveis para estancar o número desenfreado de homicídios de jovens e adolescentes no país, que já ultrapassa a fronteira dos quarenta e oito mil, por ano. A iniciativa da brincadeira misturada com debate sociológico foi da PJMP da Arquidiocese de Olinda e Recife. O Assessor Nacional da PJMP, Enildo Gouveia, disse que o bloco objetiva manter duas tradições de nossa sociedade: ‘Queremos lutar pela segurança de nossos jovens e também pelo perpetuamento da tradição do frevo e do maracatu’, disse ele.”

O bloco reuniu jovens de todas as partes do Brasil. Criado em 2012, o bloco promete voltar no próximo ano com ainda mais integrantes e quem sabe comemorando o decréscimo no número de homicídios de jovens e adolescentes.
Guilherme Monteiro Cerqueira
Equipe de Comunicação - CNPJMP

A IGREJA E A REINVENÇÃO DO OCIDENTE


A IGREJA E A REINVENÇÃO DO OCIDENTE

Mauro Santayana
 



(JB) - Ao surpreender o mundo – menos alguns íntimos de sua fadiga – com a renúncia ao papado, Bento 16 revela a grande crise por que passa a Igreja Católica. Quando Gregório XII renunciou, em 1415, seu gesto unificou a instituição, então dividida sob três pontífices desde 1378. Ângelo Correr percebeu, com acuidade, que ele serviria melhor à sua própria posteridade ao servir à unidade da Igreja, e abandonar o trono papal.
 
          Ele não era O Papa, mas a terceira parte de um poder que, dividido, enfraquecia-se cada vez mais diante do mundo e, o que é pior, diante da História. Os dois anos de vida que lhe sobraram – morreu em 1417 - lhe devem  ter assegurado esse consolo. Ele tinha 90 anos ao renunciar – uma idade difícil de atingir naquela véspera do Renascimento – mas deu a seu gesto o claro caráter político, ao negociá-lo com o adversário mais forte, e influir na escolha – unânime, do sucessor, Martinho V – da poderosa família Colonna. Não alegou cansaço, mas, sim, responsabilidade política.
 
            Mais longa do que o Grande Cisma dos séculos 14 e 15, que durou quase 40 anos, é a já duradoura crise do Ocidente, de que a Igreja foi fiadora e principal organização política, desde Constantino e Ambrósio. Depois da morte de ambos,  a Igreja se proclamou herdeira do Império Romano, com base em um documento apócrifo, a  Constitutum Constantini, segundo o qual Constantino legava ao papa Silvestre I – e, assim, à Igreja – todo o poder político e todos os bens do Império. O documento, forjado no século 8, foi desmascarado por Lourenço Valla,  no século 15.
 
        Um dos mais destacados latinistas e gramáticos da História, Valla provou que o latim usado para redigir o documento não existia no século 4. A inteligência lógica de Ambrósio arquitetou a construção política da Igreja, conduzida na sábia combinação entre a concentração da autoridade espiritual no Vaticano, exercida mediante os bispos, e a distribuição do poder temporal entre os reis e os senhores feudais, sem esquecer o domínio direto  sobre os estados pontifícios, que garantiam a incolumidade dos papas.
 
       Dessa forma foi possível, em esforço de séculos, domar a anarquia, conter e assimilar os bárbaros e dar estrutura política e social à Idade Média, com a consolidação da injustiça de sempre contra os pobres e os pensadores que os defendiam, quase sempre levados às inquisições e à fogueira, como ocorreu a Giordano Bruno, no auge do Renascimento, em 1600.
 
        Ambrósio, nobre burocrata do Império, que pagão até ser eleito bispo de Milão, não  agiu como teólogo, que não era, mas, sim, como um dos mais hábeis estrategistas políticos da História. Coube-lhe salvar os pontos basilares da idéia do Ocidente.
 
          A Igreja sempre fez alianças com o poder temporal, algumas piores do que as outras, a fim de evitar a prevalência do verdadeiro Cristianismo sobre seus interesses políticos no mundo. É assim que o Vaticano de nossos dias – depois de tolerância criminosa com Hitler, sob Pio XII – mantém o acordo firmado entre Reagan e Wojtyla,  há mais de trinta anos, com o objetivo, atingido, de destruir a União Soviética e combater o socialismo. É preciso lembrar que, para o êxito da conspiração, contribuíram o traidor Gorbatchev, hoje garoto propaganda dos artigos de luxo da Louis Vuitton,  e as operações  do Banco Ambrosiano (valha a coincidência), para financiar o Solidarinost, o sindicato de direita da Polônia, liderado por Lech Walesa.
 
         Mesmo que não a desejasse, Ratzinger seria compelido à renúncia, pelos mais eminentes membros da Cúria Romana, que se preocupam com a sanidade mental do Pontífice, cujo engajamento com os setores mais conservadores da Igreja tem comprometido o seu arbítrio. Acrescente-se o movimento, subterrâneo, mas vigoroso, da Igreja Latina – e mais perceptível no episcopado italiano – de encerrar o período de papas menos universais e empenhados em sua razão nacionalista, como o polonês  e o alemão. Isso não significa que o clero italiano recupere a Santa Sé, mas anuncia uma campanha intensa durante o conclave em favor de um candidato com as chances de Ângelo Scola, atual arcebispo de Milão, e advogado de diálogo franco e aberto com o Islã.
 
         Em seu pronunciamento de renúncia, o Papa associou seu gesto à crise do pensamento ocidental, no tempo de alucinantes mudanças:
“...   no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”.
 
        Como anotou Gregório de Tours, no enigmático século 6, o mundo de vez em quando envelhece, encasulado na dúvida, e reclama a metamorfose. A Igreja Cristã (não só a Católica) e o Ocidente, xifópagos há 16 séculos, necessitam reinventar-se. Talvez a astúcia hoje dependa de pensadores abertos, como o arcebispo de Milão, sucessor de Ambrósio no episcopado. Talvez seja o tempo de se convocar não um Concílio da Igreja Católica, mas de organizar-se  Concílio Ecumênico Universal, para salvar a idéia de um Deus comum, reunindo todas as crenças em nome da vida e da paz entre os homens de boa vontade.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ata da Fundação do PT, reunião no Colégio Sion.




Ata da Fundação do PT, reunião no Colégio Sion.

10/02/80

A Fundação do PT

Foi aberta Domingo, dia 10, às 11:30 horas, a sessão inicial da reunião de fundação do Partido dos Trabalhadores. A mesa que dirigiu os trabalhos estava formada por Jacó Bittar, do Sindicato dos Petroleiros de Paulínia (Presidente); Henrique Santillo, Senador de Goiás (Secretário); Henos Amorina, do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco; Wagner Benevides, dirigente sindical de Minas Gerais; José Cicote, dirigente sindical de Santo André; Paulo Skromov, do Sindicato dos Coureiros de São Paulo; Luiz Inácio Lula da Silva, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema; Olívio Dutra, líder bancário do Rio Grande do Sul; Édson Khair, Deputado Federal do Rio de Janeiro; Manuel da Conceição, líder camponês do Nordeste; Arnóbio Vieira da Silva, líder popular de Itanhanhém; Lourin Martinho dos Santos, da construção civil do Rio Grande do Sul.

Logo no começo o secretário, Paulo Skromov, fez um relato das resoluções adotadas no dia anterior pela Coordenação Nacional (ampliada com dois representantes de cada estado): fixar como objetivo fundamental a fundação do Partido dos Trabalhadores sem desprezar nenhum espaço possível para a atuação política dos trabalhadores e, nesse sentido, lutar pela legalização do partido; discutir e aprovar o manifesto de lançamento divulgado no dia 1º de janeiro; decidir sobre a Comissão Diretora Nacional Provisória, referendando qualquer decisão no Encontro Nacional de 12 e 13 de abril; abrir o processo de discussão nos textos programáticos e estatutários nas bases do partido, preparando, assim, a realização do Encontro Nacional; promover a eleição, em cada Estado, das Comissões Diretoras Regionais Provisórias, que serão referendadas pela Comissão Nacional; proceder à filiação dos militantes e simpatizantes do PT.

A seguir, o Senador Henrique Santillo, Secretário da mesa, procedeu à chamada dos seis primeiros signatários do manifesto, que foram intensamente aplaudidos pelas cerca de setecentas pessoas presentes no auditório do Colégio Sion: Mário Pedrosa, escritor, crítico de arte e líder socialista; Manoel da Conceição, líder camponês; Sérgio Buarque de Holanda, historiador; Lélia Abramo, Presidente licenciada do Sindicato dos Artistas de São Paulo; Moacir Gadoti, que assinou em nome do educador Paulo Freire; e Apolônio de Carvalho, combatente na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa, um dos líderes dos movimentos da resistência popular no Brasil.

Os demais signatários ficaram de assinar o manifesto no fim da sessão plenária. A seguir, o plenário foi dividido em cinco comissões, para discutir o manifesto de lançamento e indicar uma comissão de oito integrantes para redigir a forma final do documento.

Fonte: Fundação Perseu Abramo.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

A PJMP - DESEJA QUE VOCÊ TENHA UM ÓTIMO E DIVERTIDO CARNAVAL.




A PJMP “é a experiência da Igreja de rosto popular e jovem. É a reconstrução do rosto de Cristo entre os jovens mais sofridos... A PJMP é solidária na dor, firme na esperança, alegre em suas pequenas mas progressivas conquistas.” 

Dom Sinésio Bohn (in: PJMP: Semente do Novo na Luta do Povo)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O dia em que mataram Fernando Henrique




O dia em que mataram Fernando Henrique


Com a reação negativa à determinação do governo federal em reduzir as tarifas de energia elétrica, a oposição matou Fernando Henrique e foi ao cinema. Mas, ironicamente, prestou o primeiro serviço à nação. Mostrou o mapa oculto na grande imprensa.

Gilson Caroni Filho



A meta fundamental dos estrategistas da oposição, concentrados nas redações do Instituto Millenium, ia além da divisão da base de sustentação do governo Dilma. O objetivo era mais amplo. Através de factoides, que ignoravam os desmentidos das lideranças partidárias, a estratégia consistia em criar um cenário de ficção onde partidos do campo progressista abandonariam o governo em nome de projetos próprios, criando um céu de brigadeiro para o tucanato em 2014.

Não se pode subestimar o desespero contido na empreitada. Desde 2001, quando o neoliberalismo alcançou o máximo de sua hegemonia, dando início a sua decadência, os valores morais, políticos e jurídicos que o sustentaram começaram a fazer água.

Natural que setores políticos associados a ele fossem levados de roldão pela própria dinâmica desencadeada. Quando a festa acabou, o prestígio do consórcio demotucano rastejava, sua base parlamentar estilhaçou e os convidados começaram a se retirar ou a brigar pelos ossos que sobraram. Com FHC paralisado, a equipe econômica e seus consultores em pânico, encerrava-se a aventura da direita que, em nome de um projeto sócio-liberal, promoveu a mais ampla liquidação do patrimônio público de que se tem notícia na história do país.

A partir de 2003, o governo petista conseguiu dar consequência prática à formação da base social de um projeto democrático e popular. Setores médios e pequenos do empresariado, embora refratários inicialmente, se agregaram em torno da nova proposta de poder. Além do amplo apoio da maioria da classe média - que não pode ser confundida com suas frações ressentidas e raivosas - a gestão de centro-esquerda, por suas políticas inclusivas, conseguiu se enraizar nos setores assalariados de baixa renda.

E o que sobrou dos parlamentares, professores e analistas que viram nos anos FHC o anúncio da modernização das relações entre o Estado e o capital, com o fim do "Estado cartorialista" e do "populismo econômico”? Quando morre um homem representativo, três hipóteses se afiguram: sua época já havia morrido, morre com ele, ou lhe sobrevive. Na primeira hipótese, o homem representativo era uma relíquia, um dinossauro e suas "qualidades" passam a balizar o juízo do senso comum. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um morto político com o projeto que implantou, é um exemplo significativo da justeza desta hipótese.

A asfixia interna que se seguiu no campo liberal-conservador provocou uma redução vertical dos quadros do PSDB que, na origem, ainda resistiam à avalanche reacionária e eram vozes mais ponderadas em um partido que desde sempre foi marcado pela conciliação e por vacilações. As possibilidades de renovação são mínimas e as alianças possíveis só podem ser feitas com setores oligárquicos e atrasados. Não por acaso mídia e judiciário adquiriram centralidade no jogo político.

Passados dez anos da devassa tucana, o Brasil encontra-se como alguém que, após uma longa caminhada numa floresta completamente escura, conseguiu vislumbrar uma clareira, com vários caminhos à frente. Na verdade, a diversidade de rotas é uma ilusão, porque há apenas dois destinos. O primeiro caminho - o proposto por articulistas, redatores, consultores e analistas do "antigo regime" - levaria ao esmagamento de todos os avanços conquistados nos últimos dez anos. 

Por essa rota, que ainda levaria ao esmagamento de toda a acumulação industrial feita a duras penas e à custa do sacrifício de várias gerações de trabalhadores, o Brasil voltaria aos primórdios da década de 1930. A outra - a que não aparece sequer como possibilidade nas páginas e telas das classes dominantes - nos conduzirá à continuidade de transformações jurídico-institucionais que, constituindo direitos a partir da relação direta com o Poder Público, faça emergir uma nova cidadania.

Com a reação negativa à determinação do governo federal em reduzir as tarifas de energia elétrica, a oposição matou Fernando Henrique e foi ao cinema. Mas, ironicamente, prestou o primeiro serviço à nação. Mostrou o mapa oculto na grande imprensa.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Fonte: cartamaior.com.br

Convite do lançamento do Livro da professora Simone Mota.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Protesto no dia 18 contra fechamento de escolas públicas de artes.





Secretaria de Movimentos Populares  -  SEMOP / PT - RJ

Protesto no dia 18 contra fechamento de escolas públicas de artes

Na primeira segunda-feira depois do Carnaval, dia 18, será realizada manifestação pública em frente à Escola de Artes Técnicas Luís Carlos Ripper, na Mangueira. O governo do Estado decidiu fechar a EAT Luís Carlos Ripper e a EAT Paulo Falcão, situada em Nova Iguaçu. As duas unidades de ensino, há anos, vêm promovendo a inclusão social através da educação artística, com índice de empregabilidade superior a 90%. Alunos da EAT da Mangueira tiveram, por exemplo, uma participação decisiva na conquista do campeonato de 2010 pela Unidos da Tijuca do desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro. As bailarinas da comissão de frente inovaram ao trocar de roupa seis vezes, cobertas por uma cortina. Quando o pano descia, menos de cinco segundos depois, as fantasias já tinham cor e modelo diferentes. Aplaudida de pé, a agremiação deixou a Sapucaí ao som dos gritos de "é campeã" da plateia. Essa emoção será inesquecível para as camareiras Normeide Brandão da Silva e Kátia Aparecida Dias, responsáveis pelo trabalho minucioso de sobreposição das alegorias. Elas fizeram o curso de Camareira Teatral na EAT Luís Carlos Ripper. “A incerteza e a angústia são os sentimentos que prevalecem entre todos nós, alunos, funcionários, professores, coordenadores e direção, já que a "justificativa" apresentada pela presidência da Faetec – a quem as escolas estão vinculadas - é a de que, ao colocar nossas escolas no Pronatec (programa do governo federal que prevê somente a formação profissionalizante), não há como manter nossa metodologia de excelência, que, contrariamente, contempla a formação integral do homem, ou seja, saber teórico mais saber prático. Além de abrirmos mão de toda uma formação cidadã plena - temos em nossos cursos uma grade curricular de treze disciplinas - vimos nossos cursos, como decorrência, terem sua duração reduzida de um ano para 2 meses, sem a menor necessidade, já que a adesão ao Pronatec não requer, necessariamente, desmantelar uma escola de referência”, diz o professor Jean Bodin, coordenador pedagógico do turno da noite da EAT Luis Carlos Ripper. A manifestação do dia 18 será às 10h, na Rua Visconde de Niterói, 1364, na Mangueira.

Uma verdade incômoda.





Uma verdade incômoda

Por Willian Novaes, da Geração Editorial.


Neste livro corajoso, A Outra História do Mensalão – As contradições de um julgamento político (R$ 34,90, pag. 352), independente e honesto, o jornalista Paulo Moreira Leite, que foi diretor de Época e redator-chefe de Veja, entre outras publicações, ousa afirmar que o julgamento do chamado mensalão foi contraditório, político e injusto, por ter feito condenações sem provas consistentes e sem obedecer a regra elementar do Direito segundo a qual todos são inocentes até que se prove o contrário.

Os acusados estavam condenados – por aquilo que Moreira Leite chama de opinião publicada, que expressa a visão de quem tem acesso aos meios de comunicação, para distinguir de opinião pública, que pertence a todos — antes do julgamento começar.

Naquele que foi o mais midiático julgamento da história brasileira e, possivelmente, do mundo, os juízes foram vigiados pelo acompanhamento diário, online, de todos os seus atos no tribunal. Na sociedade do espetáculo, os juízes eles se digladiaram, se agrediram, se irritaram e até cochilaram aos olhos da multidão, como num reality show.

Este livro contém os 37 capítulos publicados pelo autor em blog que mantinha em site da revista Época, durante os quatro meses e 53 sessões no STF. A estes artigos Moreira Leite acrescentou uma apresentação e um epílogo, procurando dar uma visão de conjunto dos debates do passado e traçar alguma perspectiva para o futuro.

O prefácio é do reconhecido e premiado jornalista Janio de Freitas, atualmente colunista da Folha de S. Paulo. Esse é o 7° titulo da coleção Historia Agora, lançada pela Geração Editorial, entre os livros desta coleção está o best seller, A Privataria Tucana.

Ler esses textos agora, terminado o julgamento, nos causa uma pavorosa sensação. O Supremo Tribunal Federal Justiça, guardião das leis e da Constituição, cometeu injustiças e este é sem dúvida um fato, mais do que incômodo, aterrador.

Como no inquietante Processo, romance de Franz Kafka, no limite podemos acreditar na possibilidade de sermos acusados e condenados por algo que não fizemos, ou pelo menos não fizemos na forma pela qual somos acusados.

Num gesto impensável num país que em 1988 aprovou uma Constituição chamada cidadã, o STF chegou a ignorar definições explícitas da Lei Maior, como o artigo que assegura ao Congresso a prerrogativa de definir o mandato de parlamentares eleitos.

As acusações, sustenta o autor, foram mais numerosas e mais audaciosas que as provas, que muitas vezes se limitaram a suspeitas e indícios sem apoio em fatos.

A denúncia do “maior escândalo de corrupção da história” relatou desvios de dinheiro público mas não conseguiu encontrar dados oficiais para demonstrar a origem dos recursos. Transformou em crime eleitoral empréstimos bancários que o PT ao fim e ao cabo pagou.

Culpou um acusado porque ele teria obrigação de saber o que seus ex-comandados faziam (fosse o que fosse) e embora tipificasse tais atos como de “corrupção”, ignorou os possíveis corruptores, empresários que, afinal, sempre financiaram campanhas eleitorais de todos, acusados e acusadores.

Afinal, de que os condenados haviam sido acusados? De comprar votos no Congresso com dinheiro público, pagando quantias mensais aos que deveriam votar, políticos do próprio PT – o partido do governo! – e de outros partidos.

Em 1997 um deputado confessou em gravação publicada pelo jornal Folha de S. Paulo que recebera R$ 200 mil para votar em emenda constitucional que daria a possibilidade de o presidente FHC ser reeleito. Mas – ao contrário do que aconteceu agora – o fato foi considerado pouco relevante e não mereceu nenhuma investigação oficial.

Dois pesos, duas medidas. Independentemente do que possamos aceitar, nos limites da lei e de nossa moral, o fato é que, se crimes foram cometidos, os criminosos deveriam ter sido, sim, investigados, identificados, julgados e, se culpados, condenados na forma da lei. Que se repita: na forma da lei.

É ler, refletir e julgar. Há dúvidas – infelizmente muitas – sobre se foi isso o que de fato aconteceu.